Entidades questionam constitucionalidade de atualização monetária da base de cálculo do IPTU

[Em 14/04/2015] - Representantes solicitam apoio do Legislativo para impetrar com ação e discutir decreto do Executivo

Na manhã de ontem, dia 14, a Câmara Municipal de Araguari recebeu uma comitiva composta por 13 representantes de diversas entidades do município que, insatisfeitas com a atualização do valor monetário da base de cálculo do IPTU referente ao exercício 2015, decidiram arregimentar forças para combater a medida decretada pelo Executivo.

 

Embora estivesse em andamento, o vereador Giulliano Sousa Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Araguari, suspendeu a sessão ordinária para que os representantes pudessem apresentar suas reivindicações aos demais membros da Casa.Em nome de todos os presentes, fez uso da palavra o senhor João de Melo, diretor-jurídico da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e de Prestação de Serviços de Araguari (ACIA), que explanou sobre as razões que os fazem discordar da forma com que o Executivo tratou da questão bem como sobre supostas irregularidades/ilegalidades praticadas com a edição do Decreto 106, de 30 de dezembro de 2014. “É importante que fique claro que nós não estamos questionando aqui a questão de ter ou não o desconto. Nós estamos questionando algo muito mais importante que é a base de cálculo para a cobrança do tributo. O que percebemos é que houve uma série de falhas, ilegalidades, quando da edição do decreto. Podemos citar como exemplo, o desrespeito à legislação, inclusive a Lei Orgânica do Município, no que se refere ao percentual adotado para a correção e também a princípios próprios da Administração Pública como a Publicidade e a Transparência, pois, a comunidade não foi informada do teor desse decreto. Fixá-lo no mural da Prefeitura ou publicá-lo apenas no Correio Oficial não significa que está sendo dada a devida publicidade até porque a maior parte da população não tem acesso a esses meios de comunicação”, disparou o diretor.

Dr. João de Melo, diretor jurídico da ACIA

O representante da ACIA ainda lembrou que em 2010 a base de cálculo do valor venal do IPTU já havia sido aumentada em quase 300% e que entre 2013 e 2015 também houve novos aumentos. “Quando o secretário de Fazenda alega que a atualização é legal e que, em alguns casos, o valor do IPTU até diminuiu, em parte ele tem razão. Diminuiu mesmo, mas, isso só ocorreu porque foi suprimida a cobrança das taxas que eram ilegais. Mas, isso não tem nada a ver com a base de cálculo. Até porque, de 2013 pra cá, se você fizer as contas verá que houve um aumento de aproximadamente 90%”, acrescentou João Melo.

Diante da situação, os representantes que já procuraram o Ministério Público e tentaram discutir o assunto até com o próprio Executivo, recorreram aos vereadores para solicitar apoio a fim de impetrar com ação capaz de combater o decreto. “Ao contrário do que foi divulgado, o promotor Valter Shigueo, nunca disse que esta atualização era legal. O que ele disse foi que não poderia intervir no assunto por força de uma lei que sinaliza nesse sentido. Então, discutindo a matéria, inclusive com a OAB, nós chegamos à conclusão que a única forma de buscarmos combater essas irregularidades é propondo uma Ação Direta de Inconstitucionalidade deste decreto. Pois, embora pudéssemos impetrar um mandado de segurança por entidade, não atingiríamos o efeito desejado, de contemplar toda a população. Nesse sentido, viemos aqui hoje pleitear o apoio desta Casa para que possamos levar essa ação em frente. É importante ressaltar que o aumento não atingiu apenas os imóveis da área central e que não são apenas os grandes proprietários da cidade que estão sendo sacrificados. Toda a população está sofrendo com isso. Que fique claro que a nossa recomendação não é para deixar de pagar o IPTU, mas, sim, lutar judicialmente para que essas irregularidades sejam corrigidas, pois, acreditamos no direito que temos e em uma vitória”, finalizou João de Melo.

Acia

Em nome de todos os vereadores, o presidente Giulliano Sousa Rodrigues afirmou que o Poder Legislativo não medirá esforços para colaborar com a sociedade araguarina e, com o amparo da Consultoria Jurídica da Câmara, se comprometeu a dar andamento na proposta apresentada. “Como foi bem explicado aos representantes pelo nosso advogado Hamilton Flávio de Lima, a Ação Direta de Inconstitucionalidade possui um trâmite lento, visto que pode ser levada ao STF. Isso não nos garantiria uma resultado a curto prazo, mas, a nossa Consultoria Jurídica iniciará um estudo sobre o remédio cabível e nós vamos, sim, defender os interesses da população araguarina a quem representamos e pela qual fomos eleitos”, afirmou Giulliano Tibá.

 

 

Confira abaixo os presentes na reunião:


  

Representante Entidade
João Marques Povoa Júnior (presidente) Associação dos Engenheiros de Araguari (AEAATA)
Carlos Antônio Vieira (presidente) ACIA
Décio Siciliano Turci (presidente) Sindicato dos Contabilistas
Henrique Vieira (presidente) Rotary Club Araguari
Fernanda Debs Diniz ABO
Vicente Gonçalves Dias (presidente) ADEFA
Carlos Alexandre Monteiro Lima ADICA
Alessandra Jordão de Carvalho (vice-presidente) 47ª Subseção da OAB/Araguari
  Diomedes Almeida Rotary Club Araguari e ACIA
Gilberto Cunha de Resende Rotary Cub Araguari Sul
Nelma de Sousa Melo 47ª Subseção da OAB/Araguari
Alcides Lima de Souza Sindicato dos Trabalhadores Rurais
Expedito Castro Alves Júnior (vice-presidente) ADICA
Sebastião Totó CDL/Araguari